sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O governo eletrônico e as grandes cidades

“Quando o desenvolvimento de um país se torna o subproduto das atividades de um cassino, o trabalho será provavelmente mal feito”. - Lord Keynes


- O passado, no caso do Brasil, é conservado em grande parte no estado da Bahia. Formas de construções, culinária, músicas e a forte religiosidade são muito divulgadas na TV. Mas perspectivas de empreendimentos, como a infovia soteropolitana – SSA DIGITAL - tendem a empurrar a Bahia na direção do futuro. E isto se complementa com o forte aquecimento do turismo- que recentemente trouxe à terra de Gabriela trinta e três presidentes da América do Sul ,México e Caribé. E todo ano Salvador recebe o presidente Luís Inácio, fiel freqüentador da praia de Inema. Neste final de ano o turismo da Bahia atraiu também o primeiro casal da França – que hospedou-se na pitoresca Itacaré (*)


- Já o presente acontece num tripé territorial, que os meios de comunicação insistem em enaltecer. Pois é de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Brasília, segundo a janela eletrônica, que brotam os bons e maus tons da modernidade.

- E o futuro ocorrerá aonde?
Provavelmente ocorrerá no Amapá,Mato Grosso, Rio Grande do Sul, em Itaparica, Monte Gordo ou em qualquer canto deste continente. Desde que este futuro seja, desde já, estruturado. E é sobre o futuro que desejamos discorrer, dissipando névoas e contemplando o brilho de alguns astros ascendentes. Cremos que será sobre um tripé que iremos nos sustentar no amanhã, e não sobre velhas rodas e combustíveis fósseis.
A genética, influirá muito e após a decodificação desta verdadeira “pedra da Roseta contemporânea” parece que este ramo da ciência tende a assumir o controle da pauta da atualidade e teimará em imbricar-se com outras disciplinas. Neste ano do bicentenário de Darwin a obra de Richard Dawkson, O Gene egoísta,tende a ser bastante lida. Se o telégrafo e as mensagens em Morse caíram de moda, a mania do DNA parece que veio para ficar.
Por sua vez a nanotecnologia também migrou dos filmes de ficção, para virar auxiliar da ciência médica. Sabendo-se que nesta escala do nano – um mili e um micro valem respectivamente um milhão e mil vezes maiores que o tal nano – há ainda muita coisa para ver e fazer. Na nanotecnologia a capacidade de “se enfiar” em pequenos locais, nunca dantes navegados, passou a ser um diferencial e uma consagradora forma de sucesso. Nela vale a máxima: - “o negócio é ser pequeno”.
Finalmente há a robótica - onde resplandece o brilho da terceira perna do tripé contemporâneo. Por meio dela poder-se-á ter acesso a réplicas de animais de estimação, cozinhas futuristas e naves ou automóveis bizarros e eficientes. A robótica se faz presente em vários parques e institutos de pesquisa no momento. As próprias fábricas de robôs tendem a ser todas robotizadas.
Os processos do século XXI, com o sucesso do tripé, fizeram das estórias escritas, e de todas as futurices”, uma plêiade de materiais obsoletos. Sem dúvida, as pernas do tripe - genética ,nanotecnologia e robótica - tornaram Isaac Asimov e Júlio Verne em uma dupla digna do mesmo destino- os enredos de velhos filmes de diversão. A realidade já se fez contemporânea da ficção em muitas atividades.
Mas se estas pernas , separadas, não representam grandes riscos, elas podem também produzir – caso exista uma perigosa concentração- um grande poder. Algo sem paralelo na história, uma espécie de Leviatã ;que, por falta de outro nome, passaremos a denominar de GeNaRo.
Genaro poderá ser tanto um novo animalzinho de estimação, como um diabólico Cérbero com três cabeças. E isto ocorrerá facilmente, caso a tecnologia não fique submetida às políticas públicas. Pois modificações no mundo da produção também implicam em alterações sociais e nas formas de governo.
É perigoso deixar a técnica controlar-se por si própria. Genaro não pode ser escravo só de grandes corporações, mas deverá ser um agente da melhoria de vida em nossas grandes cidades. E sem uma infovia de acesso universal estas modernidades tendem a se afastar da população.
Urge transformar as antigas empresas de processamento de dados em sociedades mais transparentes e voltadas para a real democratização do poder. O desafio republicano de nossos tempos é colocar Genaro sob o tacão do poder cidadão. Como fiel auxiliar dos ávidos consumidores de serviços de informação e dos contribuintes.
Nesta gigaldeia que o mundo está se transformando, mas que não deixa de apresentar as eternas tensões entre o global e o local, alguns problemas tendem a superar os limites das esferas federais, para fincarem pé nas ante-salas do ainda débil Gabinete de Governo Mundial. Pois a ONU e seus organismos tentam ser uma espécie de Giga-prefeitura em escala planetária. Prefeitura de uma “cidade”, cuja população já ultrapassou os seis bilhões de habitantes. Com estes gigantescos números a governança só poderá ser viável se apoiada nas tecnologias de informação e comunicação- TIC.
Nos tempos da república grega as notícias fluíam na ágora. Local reservado para reuniões e onde se podia fazer consultas e auscultar a voz do povo. A sociedade contemporânea cobra uma outra praça – outro sítio ou site – onde se possa acompanhar os atos de nossos governantes. E , sem dúvida, as TIC's, neste afã de consolidar verdadeiramente uma modalidade de governo eletrônico, poderão jogar um papel preponderante na consolidação da democracia.
A sorte está lançada...

Post by: Feliciano Tavares Monteiro


(*) onde nossa filha, Bibiana, e os amigos Pablo e Irineu Ribeiro sempre vão; quando desejam descansar.

Salvador, 9 de janeiro de 2009

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